União, estados e municípios devem unir os esforços para a elaboração de avaliações, a valorização dos professores e por ações que visem aperfeiçoar o sistema de alfabetizar crianças no país. Essa é a análise dos especialistas que participaram de uma das plenárias do segundo dia do Seminário Nacional pela Alfabetização 2023, em Brasília (DF).
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, afirmou estar convencido de que um sistema de cooperação mútua pode melhorar os índices de alfabetização de crianças. Ele anunciou também que, no próximo dia 16, haverá uma reunião de gestão interfederativa com secretários estaduais e municipais, além de representantes da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) para aprimorar o sistema de avaliação.
“Temos que trabalhar para que o sistema de avaliação não fique congelado”, afirmou Palácios. Eu acredito muito na colaboração entre estados, municípios e União para fazer esse processo ser mais permeável à mudança. A descentralização na área da avaliação é extremamente importante, bem como a participação de um número maior de instituições na discussão do que deve ser avaliado.”
Buscando aperfeiçoar
Ex-presidente do Inep, o professor universitário Chico Soares destacou a necessidade de promover avaliações precisas para aperfeiçoar o sistema educacional na sua totalidade. “A criança aprende o que ela faz, não o que a gente diz para ela fazer”, reiterou. “A avaliação é extremamente importante para a gente dizer o que a criança deve aprender. Na educação é preciso uma postura social de aprendizado para todos.”
Para Chico Soares, o educador tem de manter os sonhos. “É difícil, mas você que está na educação, tem que sonhar. Eu sonho com vocês e nós todos sonhamos juntos.” Segundo ele, é necessário assegurar também bons salários e a valorização dos profissionais. “Se você está na educação, tem que estar do lado da garantia do direito para todos. Garantir direito significa organizar bem os recursos, ou seja, juntar eficiência com produção da justiça.”
Formação continuada
A professora Hilda Linhares, especialista em linguagem e alfabetização da Universidade Federal de Juiz Federal (UFJF), reiterou que a formação dos professores deve ocorrer de forma contínua. “A formação de professores não pode ser composta por eventos episódicos, curta duração ou oficinas. Ela precisa ser consistente e ter consequência na carreira do professor.”
Para Hilda Linhares, as avaliações relativas aos processos de alfabetização contribuem também para a formação de professores. “A formação continuada de professores precisa contemplar muito claramente a perspectiva de um professor que ensina a leitura para além de ensinar as habilidades fundamentais da alfabetização.”