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Esforço Coletivo Rumo à Alfabetização: Um Compromisso Nacional pela Educação

Em um momento histórico para a educação brasileira, líderes do governo federal, estadual, municipal e o ministro da educação reuniram-se para reafirmar um compromisso vital: alcançar altos índices de alfabetização entre as crianças brasileiras. O presidente da República enfatizou a importância de um esforço conjunto para atingir a meta de 80% das crianças alfabetizadas na idade certa, destacando que, embora seja uma conquista significativa, o ideal é que todas as crianças sejam alfabetizadas.

O evento visa assegurar que todos os estudantes estejam alfabetizados até o final do 2º ano do ensino fundamental. “Não queremos só metade, queremos 100% das crianças alfabetizadas na idade certa”, enfatizou Camilo Santana, Ministro da Educação. Ele ressaltou que o compromisso assumido não se trata apenas de um acordo federativo, mas de um legado educacional para as futuras gerações.

A visão compartilhada entre os líderes presentes é que o impacto positivo dessa política se estenderá por todos os ciclos escolares, promovendo um aumento na qualidade da educação em todo o Brasil. “Se alcançarmos mais de 80% das crianças alfabetizadas até 2030, será um dos maiores legados que deixaremos para o futuro do nosso país”, destacou Camilo Santana.

Para os próximos anos, estão previstas metas nacionais de alfabetização, com reconhecimento das boas práticas das secretarias de educação através do Selo Compromisso com a Alfabetização e premiações para redes públicas que alcançarem as metas estipuladas.

Este compromisso nacional não é apenas uma meta educacional, mas um passo significativo para transformar a realidade da educação no Brasil. A união de esforços entre governos estadual e federal reflete o comprometimento comum de assegurar um futuro melhor para todas as crianças brasileiras através da educação de qualidade.

Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Secretaria de Educação Básica (SEB) e do Inep

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Bem Comum promove Formação em Educação para as Relações Étnico-Raciais em Salvador

A Associação Bem Comum, em parceria com a Escola Afro-Brasileira Maria Felipa, realizou na última terça-feira (11/06) uma Formação em Educação para as Relações Étnico-Raciais, reunindo representações do Governo do Estado da Bahia e de nove municípios baianos, em Salvador. Este evento teve como foco o enfrentamento ao racismo e a garantia do direito à aprendizagem, destacando o papel fundamental dos agentes públicos educacionais em fomentar uma educação antirracista e inclusiva.

Os municípios que participaram da formação foram: Salvador, Feira de Santana, Alagoinhas, Camaçari, Mata de São João, Porto Seguro, Vitória da Conquista, Guanambi e Simões Filho. O evento também contou com a presença de representantes da Lyceum Consultoria Educacional, Associação Nova Escola e Motriz.

A secretária de Educação de Camaçari, Neurilene Martins, destacou as ações inclusivas que vêm sendo implementadas na Rede Pública Municipal. “Esse é um movimento que perpassa pela formação do professor, pela revisão do referencial curricular, pela concepção de sequências didáticas pautadas na equidade, na empatia, na diversidade. Estamos vivenciando essas práticas no nosso município e participar dessa formação nos inspira a seguir ofertando educação pública com propósito social”, afirmou Martins.

Reflexões e Práticas Antirracistas

O evento contou com uma palestra da professora doutora Bárbara Carine Pinheiro, sócia-fundadora da Escola Afro-Brasileira Maria Felipa, a primeira instituição de ensino registrada como afro-brasileira no país. Pinheiro compartilhou sua experiência na implementação de uma pedagogia afro-brasileira, abordando tanto aspectos teóricos quanto práticos da educação antirracista. “Falamos de teoria e de prática, de pensar e repensar a escola, de aspectos conceituais da perspectiva antirracista, das experiências como professora e como idealizadora de uma escola afro-brasileira e sua pedagogia”, resumiu.

Fortalecendo as Políticas Antirracistas

João Pedro Martins, assessor da Diretoria de Coordenação Executiva da Bem Comum, enfatizou a importância das reflexões propostas no encontro para fortalecer as políticas antirracistas. “Através dessa formação e dessa parceria, outros municípios vão conhecer mais sobre essa experiência voltada para o fortalecimento das relações étnico-raciais, da autoestima da população negra e da garantia das aprendizagens dos seus estudantes. É uma oportunidade de aprofundar essa discussão e essas práticas”, explicou Martins. Ele reforçou o compromisso da organização em liderar e promover iniciativas que transformem a educação em uma ferramenta de igualdade e justiça social.

Compartilhamento de Experiências

A programação também incluiu um espaço significativo para o compartilhamento de experiências entre os municípios presentes. Eliene Marcia Fernandes, superintendente de Ensino e Apoio Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Guanambi, destacou a importância dessas trocas. “É essencial que a temática das relações étnico-raciais esteja presente na escola e estar aqui integrando esse debate agrega experiências que vão se desdobrar em novas ações de promoção da equidade no nosso município”, observou Fernandes.

Iniciativas em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER)

Confira a relação das iniciativas em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) apresentadas por cada município:

  • Secretaria de Educação do Estado do Bahia: Edital Makota Valdina
  • Alagoinhas: Caderno de Orientações Pedagógicas para Educação Antirracista
  • Camaçari: Implementação da Coordenadoria de Inclusão Educacional e do Núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais
  • Guanambi: Construção dos referenciais para educação étnico-racial dialogando com as comunidades quilombolas
  • Mata de São João: Feira de Matemática Etnomatemática e seus caminhos e formação de gestores escolares em ERER
  • Porto Seguro: As ações do setor da Educação das Relações Étnico-Raciais
  • Simões Filho: Projetos pedagógicos voltados para a diversidade étnico-racial das comunidades
  • Vitória da Conquista: Criação da equipe de Educação de Jovens e Adultos e Diversidade
  • Feira de Santana: Encontros Municipais de Educação para as Relações Étnico-Raciais
  • Salvador: Projeto Salvador de Arte, Educação e Cultura Negra – Mostra Criativa

A Associação Bem Comum continua comprometida com a promoção de uma educação equitativa e inclusiva, inspirando e capacitando educadores a implementar práticas antirracistas em suas comunidades. Eventos como este são fundamentais para construir um futuro onde todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, livre de discriminação e cheia de oportunidades.

Com informações da Assessoria de Comunicação de Camaçari.

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Seminário Regional: Bem Comum realiza 2o encontro em Recife (PE)

Seminário Regional EpV – Recife

Na terça-feira (07/05), ocorreu o Seminário Regional Educar para Valer 2024 no hotel Luzeiro, na cidade de Recife (PE). O evento, realizado pela Associação Bem Comum, contou com a presença de representantes dos estados de Pernambuco e Alagoas, como prefeitos, secretários de Educação, Finanças, articuladores locais, diretores de ensino e coordenadores da equipe de acompanhamento escolar, além de representantes do Programa Estadual de Alfabetização. 

Segundo o secretário de Educação de Pesqueira, Danilo Ramon, “o seminário foi um momento muito rico pela troca de experiências, de aprendizados. Saio daqui com a certeza de que hoje tivemos muitos avanços com as contribuições de cada cidade. Então, muito obrigado por proporcionar este dia e espero que venham muito mais momentos ricos como este”, comemorou o gestor.

Ao longo do dia, cada município pode esclarecer dúvidas e promover reflexões a partir de uma galeria de evidências expostas nas paredes do ambiente.Também aconteceram rodas de conversa sobre finanças públicas e planos para alcançar os resultados de aprendizagem desejados para 2024. 

por Talita Castro (Ascom Igarassu/PE)

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Bem Comum promove Seminários Regionais em seis capitais

A Associação Bem Comum realiza, durante os meses de abril e maio (de 17/04 a 28/05), Seminários Regionais com o tema: “Potencializando o futuro com a equipe de acompanhamento escolar”. Os eventos acontecerão em seis capitais brasileiras e reunirão lideranças políticas, gestores públicos e técnicos da educação dos 48 municípios brasileiros apoiados pela instituição para fortalecimento das políticas de alfabetização.

Além do tema norteador, o momento também promoverá uma troca de experiências e reflexões sobre as oportunidades e desafios em comum; além de uma reunião técnica com prefeitos e secretários de educação e finanças sobre o cenário financeiro para 2024, mediada pelo consultor da Bem Comum, André Carvalho.

Segundo Veveu Arruda, diretor executivo da Bem Comum, a agenda foi pensada para promover uma análise acerca do orçamento disponível para a educação, considerando que 2024 é um ano atípico, eleitoral. “Não devemos deixar de fazer as coisas com o argumento de que o dinheiro ‘é pouco’. Precisamos ter a capacidade de, com o que tem, fazer mais. E estabelecer critérios técnicos para seleção de prioridades. Fazendo isso, o fluxo da gestão financeira funciona melhor”, ponderou ele.

Cada Seminário Regional acontecerá em datas distintas nas cidades de São Luís (MA), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Recife (com participantes de Pernambuco e Alagoas), Salvador (reunindo Bahia e Sergipe) e Vitória (com Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul).

DataGrupoSede
17/04MA e PASão Luís
07/05PE e ALRecife
08/05BA e SESalvador
10/05ES, RS e SPVitória
17/05PBJoão Pessoa
28/05APMacapá

A iniciativa é realizada anualmente e deseja proporcionar a troca de experiências entre as redes de educação públicas, municipais e estaduais, que atuam na seara da alfabetização, especialmente, articuladores locais, diretores de ensino e coordenadores da equipe de acompanhamento escolar.

Representantes dos Programas Estaduais de alfabetização serão convidados a participar de cada um dos Seminários Regionais com o intuito de fortalecer o regime de colaboração entre os entes federados e a sinergia entre as iniciativas municipais e estaduais em cada território.

1º Encontro acontece em São Luís (MA)

O primeiro Seminário Regional aconteceu na capital maranhense, São Luís, na quarta-feira (17/04), e reuniu representantes dos municípios de Barreirinha, Itapecuru Mirim, Paço do Lumiar, São Luís, Timon, Vargem Grande e Benevides (Pará), todos apoiados pela Bem Comum.

O diretor do Programa Educar pra Valer, Júlio Cavalcante, disse que acompanha os indicadores da alfabetização no estado e ressaltou que os resultados são desafiadores. “Precisamos dar destaque aos bons exemplos, do que é feito nos municípios, para inspirar outras experiências dentro do próprio estado e conseguir colocar o Maranhão como um dos melhores resultados do Brasil. E isto passa pelas Secretarias de Educação, pela gestão escolar e equipes técnicas, por isso reunimos todos vocês aqui hoje”, explicou.

Cada prefeito convidado recebeu um relatório técnico com os indicadores de aprendizagem com base no Sistema Estadual de Avaliação do Maranhão (Seama) – série histórica de 2021 a 2023 – para análise do que ainda precisa ser feito para alcançar as metas de 2024. Os alunos avaliados são do 2º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa. “Os resultados são animadores e vamos celebrar os avanços, juntos, mas já de olho nos desafios que ainda teremos este ano para cumprir as metas e garantir todas as crianças alfabetizadas”, ressalta Júlio.

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Mais uma vez, Sobral é destaque internacional!

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Termo de referência: Auxiliar de projetos – EpV 2024.1

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Artigo sobre PPAIC é publicado em periódico de alcance internacional

A revista Contribuciones a las Ciencias Sociales publicou um artigo sobre os resultados educacionais do Programa Piauiense de Alfabetização na
Idade Certa, no estado do Piauí, no período de 2021 a 2023.

Confira clicando aqui.

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Inep e secretários de educação definem estratégia para padronizar avaliação da alfabetização

A Comissão de Apoio à Integração entre os Sistemas de Avaliação da Educação Básica aprovou, na última sexta-feira, 23 de fevereiro, a metodologia sugerida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para equalizar os resultados das avaliações estaduais com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), conduzido pela Autarquia.

Este grupo é composto por representantes do Inep, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Conselho Nacional de Secretários de Educação de Capitais (Consec).

“Estamos esperançosos de que a comissão possa definir os passos para a divulgação de resultados já equalizados, ainda no primeiro semestre de 2024”, comentou Isabel Chagas, chefe da Assessoria de Governança e Gestão Estratégica do Inep. Estatísticos especializados em avaliação educacional desenvolveram o modelo de ponderação a ser utilizado.

Um dos tópicos discutidos durante a reunião foi a criação de um indicador que revele o percentual de alunos alfabetizados ao término do 2º ano do ensino fundamental no Brasil. Este índice será gerado a partir dos dados coletados pelas avaliações estaduais em 2023 e apresentado neste ano de 2024.

Além disso, houve discussões sobre a integração dos sistemas ao longo de 2024, considerando a padronização das avaliações e a realização do Saeb a cada dois anos.

A articulação entre o Saeb e as avaliações estaduais faz parte do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, programa lançado pelo MEC em junho de 2023, visando promover a alfabetização em todos os níveis educacionais.

Durante a reunião, também foi apresentado o novo Painel de Estatísticas da Educação Básica, uma plataforma que oferece acesso a dados de todas as etapas de ensino, permitindo a filtragem de informações desde os níveis municipais até o nacional.

O Saeb, em vigor desde 1990, é uma ferramenta essencial para monitorar a qualidade da educação no país, fornecendo subsídios para o desenvolvimento e monitoramento de políticas educacionais.

Saiba mais acessando aqui.

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Mês da consciência negra

A chegada de Portugal ao território que chamamos hoje de Brasil, se deu no ano de 1500. Muito ainda se diz sobre essa “descoberta”, mas quando podemos chamar de “descoberta” um território com estimados 3,5 milhões de indígenas habitando terras tão ricas?

Pois bem, os europeus portugueses enxergaram justamente isso, a riqueza da terra e a possibilidade de aumentar seus dividendos e para isso eles estariam dispostos as maiores desumanidades do “mundo”. O que inclui, o genocídio de 3 milhões de indígenas, tráfico transatlântico de seres humanos como mercadoria, apinhados de forma indescritivelmente a qual não nos ateremos: desumana.

Foram 5,5 milhões de negros trazidos à força para o país, cálculos indicam que 660 mil morreram antes de pisar nessas belas terras indígenas, agora na mão de brancos. Mas claro, que, nada disso sem a autorização da igreja desse tempo, que antes de pisar no tumbeiro, a caminho de passar pelo maior trauma da humanidade, era batizado por padre católico, que os alertava de que dali em diante, eram proibidos de usarem seus próprios nomes africanos, ganhando um nome português, também não podiam mais reverenciar seus deuses africanos. Assim se dava o processo não de descoberta, mas de invasão ou mais precisamente colonização.

Foram 388 anos de escravidão, e agora em 2023 completaram-se 135 anos da abolição da escravatura no Brasil. Ressalta-se esses valores para que se tenha a dimensão do decurso do tempo que a sociedade brasileira vivenciou e permitiu que pessoas advindas de diversos países africanos fossem considerados mercadoria e permitindo passar por grotescas barbaridades amplamente desconhecidas pelo Brasileiro médio, principalmente, pelos brancos. Como vai o ensino de história no Brasil?

Após 20 anos das ERER, Educação para as relações étnico-raciais, Lei 10.639/03 que traz a obrigatoriedade de inclusão do tema diversidade étnico-racial ao currículo da educação básica, o ensino da história afro-brasileira e indígena ainda são um desafio que estamos aprendendo a lidar. Algo impede que o Brasil conheça sua própria história. A isso podemos dar alguns nomes: pacto da branquitude, racismo estrutural, medo de um quilombo nacional, vide história do Haiti.

A maior parte da história do Brasil os brancos de forma desumana, se apropriaram da humanidade de pessoas negras, furtando mais de 388 anos de trabalho forçado, estupro de mulheres negras e índigenas. Os fazendeiros se sentiam no direito de estuprar todas as escravizadas adolescentes, mais um detalhe da cultura branca na colonização brasileira, muitos chamam isso de descoberta do Brasil.

Nenhuma remuneração por séculos de trabalho, punições corporais como espancamento até a morte, proibição de que os negros utilizassem de sua própria cultura, compondo sua bem estruturada estratégia de violência psiquica. Os brancos queriam quebrar os negros em todos os sentidos, para, em cima do furto desse trabalho, construirem o capitalismo.
A instalação do capitalismo no mundo, se deu através dessa extrema violência.

Mas os negros com as próprias mãos construiram o país, porque esses individuos estão as margens desse sistema? O Branco desumaniza e furta e ao mesmo tempo, chama o preto de ladrão. Raciocínio esse que ainda fundamenta a política de segurança pública do Brasil em pleno 2023, inclusive dentro de governos tidos como progressistas, mas que jamais colocaram uma mulher negra no supremo. É que eles “não veem cor”. 


Nossos antepassados negros sempre se aquilombaram e se revoltaram contra esse sistema, arrumaram formas de sobreviver, cada vez mais seguimos nessa organização. Enquanto os brancos se reunirem no Pacto da Branquitude, precisaremos nos aquilombar, e de sobreviver e correr atrás juntos o povo preto faz muito bem. Nas palavras de Conceição Evaristo no livro Olhos d’águas:

“Combinaram de nos matar. Mas nós combinamos de não morrer”

A ideia do Dia da Consciência Negra no Brasil surgiu em Porto Alegre na década de 1970, por iniciativa do coletivo Palmares, liderado pelo poeta Oliveira Silveira. A escolha do dia 20 de novembro pelo coletivo faz referência à data de assassinato de um dos maiores líderes quilombolas e símbolos da resistência contra a escravização no Brasil, Zumbi dos Palmares, em 1695, em Alagoas, a mando do governo colonial português. 

Zumbi dos Palmares, como muitas outras figuras da diáspora africana, lutou pelo fim da desumanização a que pessoas negras e indígenas foram submetidas em um cenário marcado pela violência colonial. Sua luta mostra que o fim da escravização no país não veio da benevolência de uma princesa portuguesa, mas da organização política e da mobilização popular.

O mesmo ocorreu com as demais conquistas da população negra nos séculos seguintes, até nossos dias atuais. Abundam exemplos de personalidades e eventos em prol da igualdade e da emancipação, os quais, por questões de edição de texto, não podem ser integralmente reproduzidos aqui. É possível, no entanto, um recorte dessas conquistas que explicam tanto nossos avanços quanto nossos desafios enquanto sociedade.

Mesmo com a desigualdade racial ainda sendo um dos principais pilares da desigualdade brasileira, que é uma das maiores do mundo em questões de acesso à renda, saúde e educação, é perceptível um avanço em políticas públicas relacionadas à promoção da equidade racial no país, especialmente após o fim da ditadura militar e a redemocratização.

Entre essas conquistas, destacamos a implementação de políticas de ações afirmativas, com a inclusão de cotas raciais em universidades e concursos públicos com vistas a combater a desigualdade histórica de representação nesses espaços, a Lei 10.639 de 2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, o fortalecimento da representação de candidatos negros com plataformas antirracistas na política institucional, o reconhecimento de territórios quilombolas pela Constituição Federal de 1988 e a lei de 2023 que equipara injúria racial ao crime inafiançável de racismo.

Não só hoje, mas ao longo de toda a história, o povo negro sobrevive mostrando que, ao contrário do que a branquitude inventou para desqualificar o direito à humanidade, é repleto de alma e inteligência para a construção de dias melhores. É por isso que o dia 20 de novembro é momento de lembrar aqueles que lutaram para não sucumbir as mazelas de uma história mal contada e aqueles que continuam se organizando para garantir aos seus a possibilidade de uma vida digna e com oportunidade.

É importante observar que a luta contra o racismo estrutural e institucional ainda são grandes desafios no país, especialmente quando olhamos para questões como acesso à serviços públicos essenciais, segurança e violência policial. Os direitos conquistados precisam não apenas de ampliação, mas de defesa constante. Nesse sentido, a atuação do movimento negro e aliados continua a desempenhar um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa, pois o racismo afeta a todos, seja para a exclusão ou para o privilégio.

“Agora é na letra

Escrevi você leu

Não leu

Se tivesse lido não tava atrasando

Não é sobre mim é sobre aquele plano de ver os neguin da quebrada chegando

Escurecendo os espaço tão branco

E sobre a menina que quer estudar

Possibilidade pra fazer sonhar

Sonhando com a vida em qualquer lugar

Poder ser ouvida sem ter que gritar“¹

¹ “Bia Ferreira Feat. Edgar O Novíssimo – Tá Passada?”

Autoria: Murillo Pereira, Isabela Araujo, Tamires Ribeiro, Thiago Rodrigues, Eduardo Marquezin

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Um pacto pela alfabetização

Não é exagero dizer que precisamos de uma revolução na educação brasileira. Mas, da mesma forma, também podemos afirmar que essa revolução já está em curso.

O líder sul-africano Nelson Mandela disse certa vez que “a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo”. É por meio dela que somos capazes de garantir que todas as pessoas tenham acesso às ferramentas necessárias para prosperar e contribuir para uma sociedade mais justa e democrática. A alfabetização, por sua vez, é a pedra angular da educação, representando o primeiro passo na jornada cidadã de cada indivíduo. No Brasil, porém, as notícias ainda não são boas.

O Ministério da Educação (MEC) divulgou recentemente os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021, evidenciando uma queda no desempenho em Língua Portuguesa dos alunos do segundo ano do Ensino Fundamental – ou seja, em fase de alfabetização. Em 2019, antes da pandemia, a média de pontos era de 750. Em 2021, essa média caiu para 725,5, indicando que quatro em cada dez crianças não sabiam ler.

Também chama atenção o novo ranking do PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study), avaliação internacional de alfabetização realizada em 65 países. O desempenho do Brasil foi um dos mais baixos, à frente apenas de Jordânia, Egito, Marrocos e África do Sul.

Para mudar esse cenário, não é exagero dizermos que precisamos de uma revolução na educação brasileira. Mas, da mesma forma, também podemos afirmar que essa revolução já está em curso.

Um passo fundamental foi dado quando o Ministério da Educação e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) estabeleceram uma pontuação de 743 pontos no Saeb para definir a alfabetização de uma criança, criando um parâmetro nacional que considera a diversidade das condições de ensino no Brasil. Isso possibilita um acompanhamento e avaliação eficazes do progresso dos jovens estudantes.

Tão importante quanto, foi a Emenda Constitucional nº 108/2020, que promoveu uma redistribuição equitativa do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). A mudança proporcionou uma maior necessidade de colaboração entre estados e municípios. É um desafio muito necessário e bem-vindo. Na prática, representa um novo paradigma na educação pública, no qual gestores, professores e secretários municipais e estaduais são desafiados a atuar conjuntamente em busca da qualidade e equidade na educação.

Essa nova dinâmica vem sendo marcada por iniciativas de sucesso em todo o país. Vários estados estão desenvolvendo materiais específicos para o ensino da alfabetização, promovendo a troca de experiências entre escolas e oferecendo capacitação para gestores e professores. A implementação de avaliações estaduais de alfabetização é outro ponto positivo.

Em Goiás, por exemplo, foi criado o programa AlfaMais, que já beneficiou aproximadamente 300 mil estudantes e resultou em um significativo aumento no índice de proficiência avançada, de 49% para 56% entre 2021 e 2022. Já em Mato Grosso, após a implementação do programa Alfabetiza MT, a proficiência média em Língua Portuguesa no segundo ano do Ensino Fundamental da rede pública subiu de 549 para 580 pontos em 2022, com uma elevação relevante na taxa de participação da rede pública de 39% para 86%.

No centro de tudo isso está a sinergia entre governo federal, estados e municípios, além de iniciativas como a Parceria pela Alfabetização em Regime de Colaboração (PARC). A PARC apoia governos estaduais na implementação de políticas de alfabetização em colaboração com os municípios. Atualmente, ela está presente em 16 governos estaduais, oferecendo assistência técnica às secretarias de educação.

É fundamental, entretanto, destacar a importância da comunicação e do engajamento no sucesso desse modelo. Todo o fluxo deve ser organizado de maneira que inclua a programação das avaliações, a mobilização ativa dos estudantes e a realização de reuniões para apresentação dos resultados às autoridades competentes (governadores, prefeitos, secretários municipais, gestores escolares) e órgãos de fiscalização (Tribunais de Contas, Ministério Público, Conselhos de Educação, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais).

Em setembro, durante o Seminário Nacional pela Alfabetização 2023 – que reuniu, em Brasília, representantes do governo federal, de estados e de municípios, além de especialistas na área –, foi firmado um pacto pela educação de qualidade e o futuro das crianças. Na carta, todos os participantes se comprometeram a “ser agentes de transformação em nossas comunidades, escolas e instituições, trabalhando incansavelmente para criar ambientes de aprendizado inclusivos e acolhedores, onde todas as crianças tenham a oportunidade de ser alfabetizadas na idade adequada e, assim, florescer”, reafirmando o compromisso “com a equidade, a justiça e a igualdade de oportunidades para todas as crianças, independentemente de sua origem social, econômica ou étnica”.

alfabetização está enfim sendo tratada como uma política pública em que todos têm um papel a desempenhar – e a colaboração foi reconhecida como a chave para superar os desafios da educação brasileira e garantir um futuro brilhante para as nossas crianças. 

Fonte: https://diplomatique.org.br/um-pacto-pela-alfabetizacao/